Foto: Luiza Nunes
Wilma Fão
Wilma Fão Valente, 62 anos, recebeu seu primeiro diagnóstico de câncer em 2016, desde então sua vida mudou. Assim como outras mulheres frederiquenses, ela também tem que enfrentar, além da doença, a difícil rotina de se deslocar diariamente em busca de tratamento oncológico.
Sua tragetória
Nas mulheres, o câncer de mama é o mais recorrente, com 74 mil casos novos previstos por ano até 2025, segundo dados da Estimativa 2023 – Incidência de Câncer no Brasil, lançada pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA).
Casada e mãe de 3 filhas, Wilma Fão Valente tem seus 62 anos. Trabalhava como confeiteira na Padaria do Tião há 9 anos, quando descobriu o câncer em outubro de 2016 através da mamografia, seu exame de rotina. Ao detectar o nódulo, começou o tratamento no mesmo ano. A primeira cirurgia de retirada total da mama e também retirada de nódulos na região da axila, alguns deles comprometidos, aconteceu apenas em maio de 2017, pelas burocracias envolvidas. O tratamento feito em Wilma levou a cura de seu primeiro câncer, contudo, após 3 anos, surge novamente um nódulo, necessitando de uma segunda cirurgia e o recomeço do tratamento, através de radioterapia e quimioterapia.
É neste momento que Wilma enfrenta a queda de seu cabelo, e atualmente, segue em tratamento para este segundo câncer, que surgiu inicialmente na região da mama, mas que hoje, se encontra na região da clavícula. A descoberta do segundo câncer foi o que mais a abalou, por ser algo ainda mais inesperado para ela, que já havia passado por isso.
Wilma conta que, ao descobrir a metástase, procurou a Liga Feminina de Combate ao Câncer de Frederico Westphalen, como um local de apoio neste momento delicado. “Aqui foi uma segunda família, fui tratada assim como se eu fosse já da família e conhecesse todo mundo, me deram apoio e tudo o que eu precisava”, ressalta. Com toda a rede de apoio que encontrou, Wilma demonstra sua força diante da doença, “Eu tenho vontade de viver e eu não desanimo em hipótese alguma”, diz, ressaltando a gratidão que sente ao conhecer a Liga e aos momentos que são proporcionados ali, como encontros e passeios, que contribuem também para a sua autoestima. Para ela, a fé também é importante, é aquilo que traz esperança em sua trajetória.
A rotina foi e é cansativa, são remédios e viagens de horas para Erechim, onde faz o tratamento pelo SUS. Na época da radioterapia, conta que por 28 dias ia à Erechim diariamente para fazer 15 minutos de sessão, chegando em casa tarde da noite e tendo que levantar cedo para mais uma viagem. Para Wilma, o desgaste é grande, e a ausência de um Centro Oncológico na cidade onde mora é algo que faz falta e faria diferença no seu bem-estar diante do tratamento já doloroso.
Com tantas mudanças e adaptações, Wilma continua persistindo com apoio da Liga, de sua família, e também de seu marido. É de saber comum, o fato de que muitas mulheres enfrentam problemas em sua vida conjugal ao descobrir um câncer, tendo que lidar com tudo sozinhas sem apoio do marido/namorado ou ainda, sendo abandonadas por ele. Sete em cada dez mulheres com câncer no Brasil são abandonadas durante o tratamento, segundo pesquisa da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), divulgada em abril de 2023. Felizmente, Wilma tem o apoio de seu marido em toda sua rotina e também quando precisou retirar a mama. “Eu até disse assim pra ele, se você quiser me deixar por isso, não tem problema, eu vou entender, ele foi e disse, não é por isso que vou te deixar, na hora que mais precisa”, ela relata as palavras do parceiro.
Com relação à autoestima e ao ter que retirar a mama por completo, ela diz ter lidado bem com isso. Quando recebeu a possibilidade de ganhar as próteses, preferiu não ter que passar por mais uma cirurgia, “eu disse não, não quero sofrer tudo de novo, eles iam ter que tirar pele de outro lugar pra preencher ali”, diz.
Ainda com muito apoio de pessoas próximas, o tabu frente a mulheres que estão enfrentando o câncer existe, Wilma conta que amizades próximas a ela e que visitavam sua casa com frequência, acabaram se afastando diante do seu diagnóstico, mas ela não se deixou abater, “pra mim essas amizades não eram verdadeiras, porque se a gente perde um amigo, um vizinho, por causa de uma doença, não é amigo verdadeiro”, comenta.
Desacostumada a ficar sem trabalhar, Wilma conta que ter que parar para o tratamento após tantos anos habituada a não ficar tanto em casa, acabou sendo difícil nos primeiros dias. Sempre gostou de trabalhar e não parou mesmo após casada, já com o surgimento do câncer, não teve outra alternativa. Mas, se adaptar a uma rotina mais tranquila, foi complicado para ela apenas no começo, “agora na verdade eu já to acostumada, até gosto de ficar sozinha”, nos conta rindo.
Wilma aconselha todas as mulheres a realizarem a mamografia anualmente, é de suma importância, principalmente a partir dos 40 anos, para que possíveis diagnósticos possam ser feitos o mais cedo possível. Além disso, exames de rotina como o preventivo <colocar hiperlink com informações sobre, também são essenciais para as mulheres mais jovens e, principalmente, aquelas que já iniciaram sua vida sexual. Cuidem-se!
Mapa referente a distância percorrida diariamente por Wilma Fonte: GoogleMaps